"Blogue direccionado a hedonistas, plebeus, diletantes, pedantes, mongolóides, escroques, pulhas, girondinos, jacobinos, pretensiosos, aristocratas, afectados, presunçosos, humildes, demagogos, medíocres e tudo!" - Bernardo Diniz de Alcoforado in "Noel Bouton de Chamilly já não mora aqui"

quinta-feira, 15 de março de 2012

Sociedade Recolectora














O que se passa com as pessoas e as canetas? Todas, quase sem excepção, seja num gabinete, na rua, no seu local de trabalho, num supermercado, na escola, onde quer que seja, se lhes oferecem canetas querem levar logo três ou quatro, ou mais, dependendo do estado de espírito. Quase sempre defendem, enquanto enchem a mão com os preciosos utensílios, "são para mim e para os miúdos".

Já sabemos como as pessoas adoram todo e qualquer objecto oferecido, mas o fanatismo com as canetas só encontra equivalente com o Jorge Palma e a bebida.

Não há empresa neste país que possa ter canetas de propaganda mais de uma semana nos seus gabinetes. Desaparecem a uma velocidade digna da sofreguidão com que Maradona snifaria uma linha de coca nos seus tempos áureos.

Quando somos crianças avisam-nos "não aceites doces de estranhos". Pois eu acho que deve ser feita uma mesma campanha para graúdos, mas aplicada às canetas: "não aceite canetas de estranhos". É que as canetas exercem o mesmo tipo de atracção sobre indivíduos de meia-idade como as guloseimas sobre as crianças. E isso pode ser perigoso, muito perigoso. Não tarda muito teremos máfias do leste a adulterar as canetas com droga para viciar esta faixa etária e, pior ainda, a aliciar grisalhos com canetas coloridas para redes de prostituição.

Sempre que vejo pessoas com idade para serem meus pais a suplicarem umas canetas numa qualquer campanha de marketing ou a surripilhar, com orgulhosa destreza, uma esferográfica do escritório onde trabalham imagino logo que vão para casa, com grande ansiedade, dar início ao seu mais recente romance. Só assim consigo perceber tamanha avidez em pôr as mãos em tão singelo objecto.

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