"Blogue direccionado a hedonistas, plebeus, diletantes, pedantes, mongolóides, escroques, pulhas, girondinos, jacobinos, pretensiosos, aristocratas, afectados, presunçosos, humildes, demagogos, medíocres e tudo!" - Bernardo Diniz de Alcoforado in "Noel Bouton de Chamilly já não mora aqui"

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Teoria da Relatividade














Nunca percebi o dito "Não cuspas no prato onde comeste." Não cuspas no prato onde comeste?! Então vou cuspir em qual? Naquele em qual nunca comi? Como posso cuspir em algo que nunca comi? Se calhar é mais inteligente cuspir no prato onde ainda se vai comer? Cuspia-lhe em cima e depois ia lá chafurdar na minha molhanga, enquanto me babava pelos cantos da boca, com pedaços viscosos verdes pendurados nos lábios enquanto saboreava o prato no qual havia acabado de cuspir.

Desculpem, mas se há prato no qual posso cuspir é o prato no qual já comi. Primeiro, porque se já lá comi sei ao que ele sabe (e posso querer que ele prove do mesmo que me deu), e, acima de tudo já lá comi, pretérito perfeito, acto acabado! Por isso, se bem me aprouver cuspo-lhe em cima, tenho esse direito e quase autoridade para o fazer.

Se conheço aquele prato como ninguém, lhe conheço as curvas, o brilho, as cores, o guincho que dá quando, inadvertidamente, carrego um pouco mais o talher sobre ele, se o conheço desta forma, eu, mais que ninguém, tenho todo o direito de puxar da expectoração mais profunda do meu ser e, com uma gigante bola de mucosidades, escarrar pornograficamente sobre o prato onde comi!

Nunca devo é cuspir no prato no qual nunca comi, porque dele nada sei; nem cuspir no prato no qual vou comer porque isso faz de mim um grande porco.

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