"Blogue direccionado a hedonistas, plebeus, diletantes, pedantes, mongolóides, escroques, pulhas, girondinos, jacobinos, pretensiosos, aristocratas, afectados, presunçosos, humildes, demagogos, medíocres e tudo!" - Bernardo Diniz de Alcoforado in "Noel Bouton de Chamilly já não mora aqui"

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Os Mandamentos da Vida de Otário















Há certos mandamentos que se devem seguir se se desejar levar uma vida de otário sem sobressaltos. A saber:

- Nascer (convém fazê-lo para fazer parte da "sociedade" e levar a cabo uma vidinha bem sensaborona. É também o mandamento mais fácil de cumprir).

- Deves estudar. É a prática iniciática que te levará ao maravilhoso mundo do trabalho e que te abrirá as tão desejadas portas do automatismo servil que todos desejamos cumprir um dia.

- Deves arranjar emprego. De preferência entre 4 paredes, de horários bem definidos e inflexíveis e que estejas disposto a ficar além da hora, desde que nunca e repito, nunca, estejas disposto a chegar depois da hora e a deixá-lo antes da hora. Fixa e repete para ti mesmo: "A Hora é o meu mestre! Tenho de respeitar a Hora!"

- Deves fazer algo após a Hora do trabalho. Arranja uma Hora para o ginásio, para fazer desporto, para beber um copo ao final do dia. Faz o que quiseres, mas arranja uma Hora. Repete para ti mesmo: "Abençoado trabalho que me permites, ao fim do dia, tirar uma Hora para mim mesmo! Viva a Hora! A Hora é o meu cicerone, a Hora é o meu guia!"

- Deves tomar as refeições às Horas certas. Antes de iniciares o teu mister deverás comer para enfrentares o teu dia e, de forma a não quebrares o terceiro mandamento, deverás sempre fazê-lo à mesma Hora. Depois terás também o privilégio de poderes ingerir algo naquela Hora em que o sol está bem no alto. Repete para ti mesmo: "Obrigado Hora por comigo seres tão caridosa e misericordiosa e me concederes o beneplácito de mastigar e engolir!"

- Deves arranjar tempo para ti. Terás sempre umas Horas bem contadinhas, organizadinhas e muito bem arrumadinhas para as tirares para o que pretenderes fazer naquele período de tempo.

Oh, Hora, que regozijo, que bela és, tanto consentimento, que êxtase Hora, que arrebatamento do espírito, que enlevo. Oh piedosa Hora, quão boa sois para mim. Eu não te mereço Hora. A dona da minha vida, a cona da minha vida.

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