Pontos nos ii

Muitas mulheres se insurgem com a velha máxima: "Uma mulher tem muitos casos amorosos e é logo uma galdéria, um homem anda com muitas e é um galifão!"

Minhas senhoras, vi há pouco tempo escrito algures uma analogia do género: "Uma chave mestra é uma chave que abre todas as portas, uma fechadura aberta por qualquer chave é uma fechadura de merda."

Além deste evidente pensamento análogo convém frisar certas coisas minhas senhoras. Primeiro, o homem tem de se debater constantemente com a relutância de uma mulher em ser levada para a cama. Tem de a conquistar, pagar-lhe um copo, galanteá-la, cortejá-la. Tem de saber ler os sinais, saber se ela está a fim. O homem não pode errar, deve ser divertido, confiante, ter o timing correcto. Enfim, o homem tem de dedicar toda uma vida à arte de prestar finezas a quem se quer fazer a corte para poder ter um portfólio digno e decente. Não é um curso, mas digamos que há muitas licenciaturas em Portugal que não chegam ao grau de complexidade dum homem em se tornar um conquistador. É uma arte, é complexo e como tudo na vida, uns nascem com o dom, outros apuram-no com muito sangue, suor e lágrimas.

Já uma mulher para convencer um homem apenas necessita de lhe pegar na mão e levá-lo para casa. A complexidade deste acto começa no decote da menina e acaba, muito provavelmente, na cama de um dos dois.

Com isto quero dizer, um homem não leva quem quer, não raras vezes leva para casa o maior mono da festa, o troféu de consolação, o que no futebol se chamaria "o prémio fair-play". A mulher leva quem quiser, se quiser, quando quiser. Difícil não é haver uma fechadura que se abra facilmente, díficil é haver uma chave que as abra a todas. Enquanto assim for, não me fodam, um homem que consegue muitas é o maior e uma gaja que vai com todos é uma porca. Tenho dito.