"Blogue direccionado a hedonistas, plebeus, diletantes, pedantes, mongolóides, escroques, pulhas, girondinos, jacobinos, pretensiosos, aristocratas, afectados, presunçosos, humildes, demagogos, medíocres e tudo!" - Bernardo Diniz de Alcoforado in "Noel Bouton de Chamilly já não mora aqui"

quinta-feira, 31 de maio de 2012

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Como aqueles exames em que necessitamos de estudar umas boas centenas de páginas para, depois de vasculharmos cada canto de cada página de medonha, entediante e interminável verborreia, no fim as respostas se resumirem a notas de rodapé que ousámos desprezar...

Como essas notas de rodapé, singelas anotações ao fundo de uma qualquer página perdida na vastidão de puerilidades que esta encerra...

Como essas notas de rodapé que, não poucas vezes, nada mais são que excepções, privilégios, prerrogativas...

Como essas notas de rodapé que mais não são que meros subterfúgios a leis, normas, obrigações, mandamentos...

Como essas notas de rodapé que, de tão pequenas e únicas, têm, no seu efeito, um poder inversamente proporcional à sua pequenez...

Como essas notas de rodapé que, de tão sinceras, despercebidas e raras, adquirem muito mais valor do que as toneladas de palavras que as precedem...

Como essas notas de rodapé que, apesar do peso das palavras que em cima lhes pendem, mantém-se intactas, robustas, no seu cantinho ao fundo da página...

Como essas notas de rodapé assim é a vida. Pequenas notas de rodapé que vamos escrevinhando no nosso longo e sinuoso livro. Livro pesado, pesaroso, cheio de palavras vãs, de futilidades mil, que por vezes é entremeado por deliciosas notas de rodapé, que cortam a direito sobre a frívola página do dia.

A vida são notas de rodapé. Não ignores as tuas.


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